Acusado de receber propina do tráfico, Djalma Beltrami é libertado e jura inocência
Beltrami afirma que não existem provas contra ele |
De posse da decisão judicial que o libertou, depois de 44 horas preso no Quartel General (QG) da Polícia Militar acusado de receber propina de traficantes em São Gonçalo, o coronel Djalma Beltrami abriu o coração e afirmou se sentir injustiçado. Ontem, ele se reuniu com o comandante-geral da corporação, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, mas a decisão sobre o seu futuro no comando do 7 º BPM (Alcântara) foi adiada.
A prisão temporária de Beltrami foi pedida a partir de inquérito da Delegacia de Homicídios de Niterói, que investigava o tráfico no Morro da Coruja, em São Gonçalo, e a remessa de drogas de lá para a Região dos Lagos.
"Eu tenho a minha vida limpa", desabafou Beltrami, que garante não ver problema em reassumir o 7º BPM. "Se a ordem for voltar para São Gonçalo, visto a farda e vou de cabeça erguida. Não posso falar ou achar algo sobre o que outras pessoas fazem, dou conta dos meus atos e nunca cometi crime. Além disso, sempre trabalhei integrado com a Polícia Civil e duvido que haja provas contra mim. Sou inocente".
Beltrami contou como foram os momentos que passou preso: "A gente se sente impotente e injustiçado. Tenho 27 anos de polícia, nunca recebi propina. Meus bens são todos comprovados".
Ao sair do QG, às 4h da madrugada de ontem, Beltrami seguiu para casa. "Dei um abraço e um beijo na minha mulher e infelizmente ainda não pude abraçar meu filho, que está fora do Rio", disse ele, que ressaltou ter sido indicado para o comando do batalhão de São Gonçalo pelo bom trabalho realizado. "Dediquei-me ao máximo para vencer o desafio de comandar o 7º BPM. Fizemos diversas operações em todas as comunidades".
Morte suspeita
Na última sexta-feira, Rafael Rosa Guimarães, o Chacal, foi morto no Morro da Coruja, em São Gonçalo em troca de tiros com a PM. A polícia investiga se a morte teria sido "queima de arquivo", pois o criminoso seria testemunha da negociata envolvendo PMs do 7º BPM e traficantes. Beltrami afirmou que autorizou a operação. O 7º BPM é a mesma unidade que teve o ex-comandante e outros policiais presos acusados de participação na execução da juíza Patrícia Acioli, em agosto, em Niterói.
"Desembargador Paulo Rangel: ‘Estão brincando de investigar"
A decisão de libertar Beltrami foi do desembargador Paulo Rangel, do Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça, que criticou duramente a prisão do coronel. "Estão brincando de investigar. Só que esta brincadeira recai, no direito penal, nas costas de um homem que, até então, é sério, tem histórico na polícia de bons trabalhos prestados e vive honestamente", escreveu o desembargador na sentença do habeas corpus.
Uma das provas apresentadas pela DH contra Beltrami foi uma gravação de escuta telefônica da conversa entre um policial do 7º Batalhão e um traficante, na qual o PM diz que a propina será dada ao ‘zero-um', que, no entender dos investigadores, seria o comandante da unidade de São Gonçalo.
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