Professor e Consultor de empresas Péricles Itamar, diretor do CETEPRO - Centro Técnico de Ensino Profissionalizante e da Unidade UNIP, de ensino a distância, em Teresópolis |
01.
Como foi a
sua experiência anterior com o setor profissionalizante antes da fundação do CETEPRO?
R: Tenho um
passado ligado a educação e ao ensino profissionalizante. Durante quase
20 anos, trabalhei no SENAC dirigindo a escola e ministrando cursos na área de
comercio de um modo geral.
02. Há quanto tempo existe o CETEPRO?
Existem filiais?
R: Já
conseguimos completar 10 anos de intenso e dedicado trabalho em prol da
educação, sobretudo a profissionalizante, mas não temos filiais.
03. Vamos
falar então de educação. Hoje a educação
é melhor do que há 10 anos atrás?
R: Não. Não
vejo dessa forma. Porque a educação, assim como em outras áreas, atende a
demanda do momento e o momento é de grandes descobertas e de uma liberdade sem
limite. A Escola Pública, por exemplo, tem hoje uma quantidade enorme de alunos
e professores. Nem sempre é fácil manter a qualidade diante de proporções como essa.
Existem muitos avanços, mas paralelamente enfrentamos problemas novos
pertinentes ao avanço da era cibernética e tecnológica. O processo educacional
nesse momento, esta atravessando uma onda de reavaliações e o mercado
profissional também sofreu grandes mudanças.
04. Fale mais sobre essas descobertas e
exemplifique também essa “liberdade sem limites”.
R: Pode-se
citar diretamente o aparecimento da internet como um grande avanço, pois nos
permite acessar conteúdos com mais agilidade do que antes, mesmo cobrindo
“distâncias” enormes. Existem sites que tratam de tudo, tanto bons quanto
ruins. O acesso a essa rede multiplicou a velocidade com que uma criança
absorve conhecimentos, embora tenha gerado problemas de ordem seletiva.
E quanto a
liberdade sem limites, estamos falando da base da sociedade, que é a família e
do que estamos vendo acontecer hoje no mundo. Ora, uma família mal estruturada,
onde não existem limites - e hoje parece quer tudo é permitido -, não irá proporcionar
aos seus membros uma educação de qualidade. Sendo assim, uma criança
(adolescente) que não tem responsáveis presentes, não tem noção do que é
respeito ao próximo e não entende o valor da liberdade, que é um bem para ser
socialmente compartilhado.
05. De que forma esse excesso de liberdade
afeta a educação de um modo geral?
R: Verificamos
isso no comportamento apresentado em sala de aula pelos nossos alunos, quando
não há respeito, tolerância e nem a compreensão deles em relação ao professor e
a direção da Escola. E o que é pior, nem aos colegas ou a eles mesmos.
06. E este comportamento irá se refletir no
futuro profissional desses jovens?De que forma?
R: Vai sim.
Porque a falta desses conceitos básicos e primordiais, fará com que este futuro
profissional tenha uma noção errada do que é o trabalho. São atitudes que,
mesmo num aluno diplomado, permanecerão na base da sua personalidade.
E podemos citar condutas
como desleixo e desinteresse, falta de comprometimento e de responsabilidade
profissional. E aí aparecem os casos de não cumprimento de prazos, erros
profissionais de todo o tipo e o desprezo pela responsabilidade.
07. Voltando a internet, como você encara o
“copiar e colar” que hoje é próprio de muitos usuários?
R: Bem,
Ronaldo, antigamente existia a frase: “quem não cola não sai da escola”,
que era a cola tradicional, onde as pessoas utilizavam papeizinhos, cadernos em
baixo da carteira, escrever na mão, etc. Hoje, em função da internet vemos esta
cola acontecer de uma maneira tão natural que às vezes não percebemos o quanto
isto é mais nocivo que o modo tradicional. Explico: antes, se estudava, havia a
obrigação de ler a matéria para construir o resumo da cola escrita com que o
aluno pretendia “ludibriar” o professor. Hoje, ao ler o início do texto ou ler
o título, o usuário simplesmente copia e cola sem se dar ao trabalho de
verificar o conteúdo do texto. Facilitou, mas não instrui.
08. Com trabalhar o aluno para não que esse
fato não aconteça?
R: Existem
técnicas como as que utilizamos no CETEPRO. Por exemplo: obrigar o aluno a
apresentar o trabalho em sala de aula; fazer perguntas sobre o trabalho;
promover um debate em sala sobre o tema do trabalho, etc, e assim mostrar que o
aluno está na escola não apenas para conseguir notas, e sim, para alcançar o
aprendizado que irá servir para toda a sua vida. E aproveitando o gancho, posso
citar o ensino a distância que promove exatamente esta liberdade do “copia e
cola”, mas com a conseqüente responsabilidade de aprender.
09. Como assim?
R: No ensino a
distância o aluno tem a liberdade de fazer as atividades do jeito que bem
entender. Pode copiar e colar, mas sabe que terá que demonstrar nas avaliações
o conhecimento adquirido. Conhecimento que será necessário para alcançar a nota
e a nota só será alcançada desta forma. Esse método tem gerado um outro perfil
do profissional que se forma no ensino a distância, pois as pesquisas indicam
que estes profissionais estão até mais bem preparados em função desta
responsabilidade que lhes é imposta.
10. Então o ensino tradicional esta perdendo
o valor?
R: Não, o
tradicional tem o seu valor e terá sempre, até porque algumas cadeiras não têm
como ser à distância, como medicina, engenharia, psicologia e outros. Mas o estudo
à distância é uma nova tendência que não poderemos desprezar, porque em um
mundo onde as pessoas procuram estudar, mas também têm que trabalhar, cuidar da
família e ter outras atividades, a opção do estudo a distância é de uma enorme
propriedade.
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