segunda-feira, 16 de abril de 2012

Promotora Anaiza Malhardes, diz que responsabilidade por construção em áreas de risco é uma "via de mão dupla".

Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, Coronel Roberto Silva (à dir.)
e os promotores de Justiça Fabrício Bastos e Anaiza Malhardes visitam
o ponto de apoio na Escola Municipal Marília Porto, em Santa Cecília
 
Durante uma vistoria realizada pelo Ministério Público e a Defesa Civil de Teresópolis, as áreas mais afetadas pelo temporal do dia 6, a promotora de Justiça, Anaiza Malhardes, disse que além da intensificação da fiscalização do Poder Público para impedir construções irregulares e invasões, a comunidade deve ter consciência de que ao construir em locais de risco, a pessoa fica sujeita a se tornar vítima de desastres naturais. “Não é só o órgão público que tem que dizer ao morador que ele não pode construir em determinado lugar. O cidadão tem que se informar, porque quem vai ser a maior vítima é o próprio morador. Cidadania é uma via de mão dupla: direitos do cidadão, mas responsabilidade cidadã também”, alertou.


As palavras da Promotora numa hora em que ainda amargamos os efeitos das altas precipitações do dia 6, e porque não dizer amargamos ainda os efeitos da incontrolável intempérie que se abateu sobre a cidade em  janeiro de 2011, remetem-nos a profundas e inadiáveis reflexões. Elas nos levam a uma reavaliação compulsória de nossos conceitos de culpa e omissão. Quem são os responsáveis pelas tragédias que se seguem a violência dos fenômenos naturais?  Os governantes? A população? Será que existe uma resposta tão simples assim?
Os "garis alpinistas" retirando lixo
das encostas


Quando a palavra cidadania é evocada nessa questão, não se esta falando apenas de direitos ou exigências , mas também de deveres a serem cumpridos, e um deles, é o de compartilhar responsabilidades adotando um comportamento cidadão pró-ativo de respeito ao meio-ambiente. A cidadania, na hora da tragédia, não pode ser vista apenas como um processo de apontar culpados. A visão unilateral dos fatos, distorce a realidade e favorece a omissão. Direta ou indiretamente, somos todos, de alguma forma, responsáveis pela sociedade em que vivemos e por tudo o que a ela vier a acontecer. A sociedade teresopolitana se manifestou de forma efetiva quando era notório  o crescimento das construções em áreas de risco há anos atrás? A chamada "omissão do poder público" não reflete também a omissão dos segmentos sociais? Não faz parte, também, dos nossos direitos enquanto cidadãos, a iniciativa de interferir junto as ações do poder para estabelecer elos de colaboração que ajudem a aprimorar as ações públicas? Afinal, a sociedade da qual fazemos parte, é uma extensão de cada um de nós, e o poder público numa democracia não dispensa a co-participação dos cidadãos. É importante que cada um faça a sua parte.

Nenhum comentário :

Postar um comentário