sábado, 21 de abril de 2012

EROTIZAÇÃO PRECOCE É UM AVANÇO, SINAL DE MATURIDADE OU UM PREJUIZO PARA AS NOSSAS CRIANÇAS?



Já passamos do tempo de iniciar uma discussão mais séria sobre o problema da erotização infanti. A apresentadora Xuxa tornou-se, nos últimos tempos, uma das grandes representantes dessa prática, incentivando crianças a se vestirem como adultos e fazendo programas para esse público com mensagens de erotismo sub-reptício.


Muitas pessoas não percebem as conseqüências finais dessa prática porque não entendem que a sexualidade tem raízes profundas na mente, e não pode ser vista apenas como uma brincadeira ou diversão. Ela tem uma correspondência biológica forte, para a qual uma criança não esta preparada, física e psicologicamente. Sexualidade mexe com hormônios, e hormônios tem seu tempo. 



Levar o erotismo para a vida de uma criança, é como exigir de uma máquina que funcione antes de estar pronta. Ela não vai funcionar bem. A diferença é que uma máquina pode ser consertada com reposição de peças, mas um ser humano deformado pode nunca chegar a ser totalmente recuperado. Certamente, essa será a geratriz de inúmeros distúrbios emocionais que acarretarão enormes problemas futuros. Uma criança que tenha sido erotizada precocemente, tem grandes possibilidades de se tornar mais tarde uma pessoa frustrada ou confusa em relação a sua própria sexualidade, supervalorizar seu corpo ou ter uma visão depressiva do sexo e da sua imagem. Pode também formar uma concepção em que o sexo seja visto como uma coisa banal ou mecânica, pois seus conceitos a esse respeito foram desenvolvidos em uma época em que seus sentimentos ainda eram vulneráveis demais, e sua capacidade de elaborar raciocínios insuficiente.

Os adultos são responsáveis por essa agressão, na medida em que ignoram as necessidades de desenvolvimento natural das crianças, para dar vazão as suas próprias vontades, vaidades e desejos. Eles vestem as crianças com roupas de adultos, muitas vezes sensuais, incentivam a vaidade fútil, ensinam danças de conteúdo erótico, permitem que elas vejam filmes com cenas de sexo explícito, inscrevem elas em concursos de beleza que chegam a recrutar crianças com até 4 anos de idade. 


Os pequenos acabam tomando como exemplo o comportamento adulto, com todas as suas torpezas, e abandonando a espontaneidade e a pureza que as caracteriza, para iniciarem uma jornada através de absorventes processos de sofisticação de imagem que podem chegar a ser muito destrutivos. Eles não tem, definitivamente, a experiência e a malícia de um adulto para lidar com essa qualidade de valores, que envolvem uma visão física da beleza, além de padrões competitivos não lúdicos, capazes de abalar a auto-estima de forma imprevisível. Se elas não tem juízo crítico para estabelecer raciocínios e avaliar os prós e contras dessas atividades, nada mais são do que vítimas de seus pais e de uma sociedade que se torna, a cada dia, mais insensível e exploratória, centrada apenas em interesses mercantis e sentimentos como ambição, vaidade, posse e poder. 


Meninas começam a se pintar e se preocupar excessivamente com a aparência, passam a ter despertados sentimentos em relação ao sexo oposto, e como não poderia deixar de ser, os seus instintos sexuais. Saem precocemente do imaginário infantil, quando a inteligencia e a sensibilidade ainda careciam de formatação e complementação. Meninos fazem a mesma coisa, começam a cobrar de si mesmos uma postura mais sedutora e a medir o seu valor através de critérios de beleza corporal. Quando aparecem as decepções naturais, que um adulto sabe - pelo menos teoricamente - como superar, eles ficam depressivos, tensos, e desenvolvem processos de auto-rejeição que não estão preparados para suportar.

Por outro lado, o acesso a informações inapropriadas à idade dessas crianças é cada vez maior. Nas bancas de revista, onde se encontram revistas pornográficas ou de nudez expostas à luz do dia; nas novelas, onde casais protagonizam cenas de sexo livremente em horários indevidos, e em programas como Big Brother Brasil, que prima pelo conteúdo erótico. O capitalismo selvagem já esta com as suas ávidas garras cravadas na carne dos nossos pequenos. As empresas querem vender roupas, sapatos, bijuterias, perfumes, jogos, cds, bebidas alcoólicas, cigarros, além de seduzir as crianças para influir na decisão dos pais até quando vão ao supermercado. Nosso filhos estão sendo criminosamente bombardeados por essa máquina exploratória e consumista, e parece não haver por parte das famílias uma consciência plena sobre a gravidade desse fato.

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